MEMBRANA BIOLÓGICA E TRANSPORTE
As
primeiras células surgiram quando uma membrana englobou um volume de solução
aquosa, separando-a do meio externo. Em eucariontes, separam compartimentos
distintos, organizam processos de reações, comunicação celular e conservação de
energia. Tem propriedades físicas importantes: flexíveis, auto-selantes,
seletivas, sofrem fissão, barreiras passivas ou ativas, produção de energia
(transdução de energia em mitocôndrias e cloroplastos).
Essas
membranas são bidimensionais, finas. Neste resumo descreverei as: classes de
proteínas membranares, adesão celular, endocitose e fusão de membranas,
passagem de soluto pela membrana, membrana como transdução de sinais, energia e
participação na síntese de lipídios e proteínas
CONSTRITUINTES MOLECULARES DA MEMBRANA PLASMÁTICA
A
composição da membrana está intimamente ligada à sua função. Contudo, todas as
membranas apresentam de forma majoritária, lipídios polares, proteínas e
carboidratos (glicoproteínas e glicolipídios), ou seja, cada tipo de membrana
possuí lipídios e proteínas característicos.
Organismo
|
Composição Membrana plasmática % |
||
|
Proteínas |
Fosfolipídios |
Esterol |
Bainha de
Mielina Humana |
30 |
30 |
19 |
Fígado de
camundongo |
45 |
27 |
25 |
Levedura |
52 |
7 |
7 |
E.coli |
75 |
25 |
0 |
As moléculas biológicas
compartilham da mesma arquitetura fundamenta, a fluidez ( modelo do mosaico
fluido). Fosfolipídios e esteróis formam a bicamada lipídica, com orientação
lipídica polar para o meio externo e apolar interna. Nesta bicamada
encontram-se as proteínas de membrana, assim como carboidratos associados. O
motivo pelo qual essa membrana tem fluidez é devido as interações não
covalentes existentes entre suas estruturas de bicamada.
Figura 1. Membrana
plasmática e agregado de lipídios. Fonte: Princípios de Bioquímica. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2000. 896p
As micelas são esféricas de
moléculas hidrofóbicas agregadas no seu interior (excluindo a água) e hidrofílicas
na superfície em contato com a água. As bicamadas são formadas por duas
monocamadas de lipídio bilaminar-dimensional, sendo uma estrutura instável, que
dá origem aos lipossomos que são estrutura de bicamada esférica, com um núcleo
aquoso na parte interna. Todas as membranas biológicas são bicamadas, apresentam
3nm de espessura.
Os lipídios de membrana são distribuídos através da mesma
de forma assimétrica entre suas duas bicamadas. Logo, há uma distribuição
desigual de lipídios presentes na monocamada interna e externa (figura 2).
Figura 2. Distribuição
assimétrica dos fosfolipídios entre as monocamadas internas e externas. Fonte: Princípios
de Bioquímica. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2000. 896p
Ainda sobre
os lipídios e esteróis de bicamada, estes apresentam uma mobilidade no plano da
membrana. O grau de fluidez depende da composição do lipídio e temperatura. Temperatura
baixa, pouca movimentação de lipídio, alta muita movimentação lipídica. Esta
movimentação relacionada a temperatura depende do ponto de Temperatura de Transição
(TT) (temperatura acima do qual o sólido paracristalino se modifica para fluido)
e esta temperatura depende, também da saturação e insaturação da cadeia de
ácido graxo. Cadeias insaturadas tendem a terem temperatura menor, e saturados,
maior. O conteúdo esterol da bicamada também influencia na TT. O esterol apresenta
uma estrutura química plana e rígida, isto permite com que, abaixo da TT, a
inserção de esterol previne o empacotamento ordenado das cadeias laterais de ácido
graxo, aumentando a fluidez como também, acima do TT, o sistema rígido do anel
do esterol reduz a liberdade das cadeias ácido graxos vizinhas de se
movimentarem pela rotação em torno das ligações C-C e, portanto, reduz a
fluidez no centro da bicamada. Logo, os esteróis tendem a moderar os extremos
de solidez e fluidez das membranas.
Assim, as células regulam sua
quantidade de lipídio, a fim de controlar sua fluidez. Bactérias em baixas
temperaturas, por exemplo, sintetizam mais ácidos graxos de lipídio de cadeia
insaturada.
|
Porcentagens de todos os ácidos graxos totais |
|||
|
100C |
200C |
300C |
400C |
Mirístico
(14:0) |
4 |
4 |
4 |
4 |
Palmítico
(16:0) |
18 |
25 |
29 |
48 |
Palmitoléico
(16:1) |
26 |
24 |
23 |
9 |
Oléico
(18:1) |
38 |
34 |
30 |
12 |
Hidroximirístico
|
13 |
10 |
10 |
8 |
Relação
insturado/saturado |
13 |
10 |
10 |
8 |
Figura
3. A
movimentação do lipídio na membrana e composição do ácido graxo em E.coli
cultivadas em diferentes temperaturas. . Fonte: Princípios
de Bioquímica. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2000. 896p.
Um
segundo tipo de movimentação do lipídio envolve sua molécula inteira. Essa movimentação
pode ser lateral no plano da bicamada. Assim a movimentação das cadeias de
ácido graxo e lateral da molécula dos lipídios, tornam-se a bicamada um cristal
líquido.
Por fim os lipídios podem apresentar
uma movimentação de difusão trans-membranar ou difusão transversal de uma
molécula de uma fase da bicamada para outra. Essa passagem de uma monocamada a
outra é comum durante a síntese da membrana plasmática, em bactérias, na qual o
lipídio tem que atravessar da camada interna a externa. Esse processo é
endergônico e conta com a participação da proteína transversase, que facilita o
transporte do lipídio por difusão não catalítica.
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