sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Parasitologia Humana - Aula 01 - Toxoplasmose

PARASITOLOGIA PARA CONCURSO
Toxoplasma gondii ou T. gondii


O Toxoplasma gondii é um protozoário unicelular, eucarioto, intracelular obrigatório,  causador da doença conhecida como toxoplasmose. Esta doença é mais propensa a acontecer em crianças pré-natal e pessoas com imunodeficiência. É amplamente distribuída em diversas regiões do Mundo. A toxoplasmose é uma zoonose (doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais vertebrados e humanos) sendo o felino – gato- principal vetor da doença. Foi somente na década de 70 que seu estudo foi aprofundado. 
Texto base: Parasitologia Humana, Neves,11 Ed. Adaptação: Rafael Salomão da Silva

Sumário
1 - Morfologia e hábitat
2 - Ciclo Biológico
3 - Transmissão
4 - Imunidade
5 - Patogenia
6 - Diagnóstico
7 - Epidemiologia
8 - Profilaxia
9 - Tratamento 

1 - Morfologia e hábitat

Habitat: em vários tipos de células dos vertebrados (exceto hemácias), nos felinos (intestino delgado), meio ambiente(solo, água etc.) e líquido orgânico.

Morfologia: múltipla, dependendo do habitat e estágio evolutivo no qual se encontre.

Formas infectantes: Taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos. O Taquizoíto é a forma livre (móvel) proliferativa encontrada durante a fase aguda da infecção. podem habitar  vários tipos de células (pulmonar, nervoso, muscular, hepáticas), são pouco resistentes e podem ser destruídas em contato com o suco gástrico. O bradizoito ou cistozoito é a forma encontrada nos tecidos ( musculares esquelético, cardíaco, nervoso e retina), geralmente durante a fase crônica da infecção ( Figura 1).


   
Figura 1 Cisto tecidual contendo bradizoíto 

Nos vácuos parasitóforo, formam uma membrana resistente (cisto), multiplicam-se lentamente dentro deste vacúolo. O esporozoítos ou oocisto  possui uma parede dupla bastante resistente às condições do meio ambiente. Produzidos nas células intestinais de felídeos não-imunes e eliminados imaturos junto com as fazes. A tabela 1 e figura 2  abaixo irá resumir as três tipos morfológicos da Toxoplasma gondii.

Tabela 1 Quadro resumo 

Figura 2 Toxoplasma gondii




Essas formas apresentam estruturas típicas do filo apicomplexa: C(Conóide); AP (Anel Apical); M (Micronemas); R (Roptrias); GD (Grânulos Densos) formando o complexo apical responsável pela entrada do parasita no hospedeiro. Após a entrada na célula do hospedeiro, há formação do vacúolo parasitóforo. Este vacúolo é o compartimento no qual o parasita sobrevive e se multiplica.  Além destas estruturas, existe uma organela em particular, conhecida como A (Apicoplasto), sua função está ligada a biossíntese de aminoácidos e ácidos graxos. (figura 2).

 Figura 3. Representação esquemática ultra-estrutura do filo Apicomplexa na forma infectante (taquizoitos) de Toxoplasma gondii


2 - Ciclos Biológicos

2.1 Fase Assexuada: Esta fase tanto pode ocorrer no hospedeiro definitivo como intermediário . Tem inicio quando há ingestão  de oocistos maduro, bradizoítos ou mais raramente taquizeiros. Quando uma destas formas é liberada no tudo digestivo do hospedeiro, sofre intensa multiplicação intracelular, para em seguida formar o vacúolo parasitóforo onde sofrerão divisões sucessivas por endodiogenia, formando novos Taquizoítos ( fase proliferativa) que irão romper a célula parasita, liberando novos taquizoítos livres na linfa ou sangue circulante que invadirão novas células. Essa fase de proliferação é a aguda da doença. 

2.1 Fase sexuada: Ocorre somente nas células epiteliais, principalmente do intestino delgado de gato  e outros felídeos jovens não-imune. Neste ciclo ocorre tanto a fase assexuada (merogonia) como sexuada (gamogonia) do parasita, por este motivo, esses animais são considerados hospedeiros definitivos. Quando o gato é infectado pelo oocisto, cisto ou taquizoítos, o protozoário penetra na célula epitelial intestinal e lá sofrera processos de multiplicação dando origem a vários merozoítos dentro do vacúolo parasitóforo (maronte ou esquizonte maduro). Liberados dos vacúolos, esses parasitas iram infectar novas células, dando origem a merozoítos masculinos ou femininos. O mareozoíto formara o gametófito masculino, livre, flagelado que irá fecundar o gametófito feminino, imóvel. Após a fecundação, uma célula ovo ou zigoto evoluirá dentro do epitélio, formando uma parede externa dupla, dando origem ao oocisto. A célula epitelial sofrerá rompimento em alguns dias, liberando o oocisto ainda imaturo. Este forma alcançará o meio exterior com as fezes que irá forma esporos.   

 Figura 2. Ciclo assexuado e sexuado do T. gondii.  

3 – Transmissão

O ser humano adquire a infecção via ingestão de oocistos presente em alimentos ou água contaminada, areia, insetos cosmopolitas, do cistos encontrado em carne crua, mal cozida, porco, carneiro. Congênita ou transplacentário.

3 – Imunidade

As respostas imunes de um hospedeiro a toxoplasmose envolvem dois mecanismos: humoral e celular.  A imunidade Humoral é responsável pela produção de imunoglobulinas: IgM, IgG e IgA. A IgM é a primeira a aparecer como resposta imune, logo, mantém por pouco tempo na corrente sanguínea e linda do hospedeiro, a IgG é segunda barreira imune, podendo aparecer após oito a 12 dias após a infecção do T. gondii. A  infecção, via oral, em alguns hospedeiros pode induzir formação de anticorpos IgA. Já a imunidade celular acontece principalmente com a participação das células T e produção de citosinas CD8+, CD4+ e as interleucinas com produção de interferon. 

OBSERVAÇÃO: O IgM é usado em diagnósticos de toxoplasmose congênita  feito em recém nascidos.

4 – Patogenias (É o mecanismo com que um agente infeccioso provoca lesões no hospedeiro)

A patogenia na espécie humana depende de três fatores importantes: virulência da cepa, resistência da pessoa e modo pelo qual ela é infectada. Contudo, a transmissão congênita são as mais graves. Falarei brevemente sobre elas.

4.1 Toxoplasmose congênita ou Pré-natal. 

Mãe esteja com toxoplasmose na fase aguda da doença e para que a transmissão possa ocorrer alguns fatores devem ser observados, tais como: grau de exposição do feto a toxoplasmose, virulência da cepa, capacidade dos anticorpos maternos protegerem o feto e período de gestação.
  • Primeiro trimestre da gestação: aborto
  • Segundo trimestre da gestação: aborto ou nascimento prematuro
  • Terceiro trimestre da gestação: A criança pode nascer normal e apresentar evidências da doença em alguns dias, semanas ou meses após o parto.




4.2 Toxoplasmose congênita ou Pós-natal. 

Dependera de fatores como: virulência da cepa, estado imune da pessoa. A doença pode ser assintomática ou sintomática, quando sintomática, sua expressão dependerá do local do corpo afetado pela infestação.
  • Ganglionar ou Febril Aguda: Forma mais comum tanto em crianças como adultos. O parasita compromitente a região ganglionar gerando febre alta.
  • Ocular: Infecção aguda com a presença de taquizoitos ou cistos localizados na retina causando uma lesão conhecida como retinocoroidite.
  • Cutânea ou Exantemática: Forma lesões generalizadas na pele. Raramente encontradas.
  • Cerebroespinhal ou Meningoencenfálica: Encontrada em indivíduos com a imonudeficiência. Os parasitas atacam as células nervosas, provocando lesões, principalmente no hemisfério cerebral (área frontoparietal) ou no gânglio basal ou cerebelo. Nesta região podem causar: cefaléia, febre, paralisia leve, perda da capacidade de coordenação muscular, convulsões, a depender da gravidade, levar até a morte do paciente (cliente).

4 – Diagnóstico

Pode ser clinico ou laboratorial. O clínico não é fácil de ser realizado, pois a doença pode desenvolver de forma assintomática ou assemelhar-se a outras doenças. Os diagnósticos laboratoriais estão resumidos a baixo:

1- Demonstração do parasita:
  • Taquizoíto: diagnóstico feito através de sangue, líquido amniótico. O mesmo é centrifugado e corado pelo método de Giemsa ou inoculação do material em cobaias (camundongos).
  • Cistos: Diagnóstico feito através de biopsia de tecido (análise histopatológica)

2 – Testes sorológicos ou Imunológicos

Contudo, a demonstração do parasita não é de fácil execução, assim, os diagnósticos da toxoplasmose são feitos mais comumente através de testes sorológicos com base em testes imunológicos que indicam o título ( porcentagem em massa ou volume quantitativo das soluções) da amostra diluída no soro sanguíneo. Existem vários testes, os mais comuns citados abaixo: 


3 – Toxoplasmose Congênita
Existem duas maneiras de identificar a toxoplasmose congênita
  • No recém-nascido através de teste para identificar IgM no soro, já que, este é incapaz de atravessar a placenta materna.
  • No Pré-Natal ou recém nascido, utiliza-se testes com capacidade de identificar anticorpos do tipo IgG, pois estes são capazes de atravessar passivamente a placenta de uma mãe com sorologia positiva. Os diagnósticos realizados no recém-nascido para a pesquisa do IgG ( RSF, RIF ou ELISA).

 4 – Toxoplasmose no adulto
Devem ser realizados testes sorológicos, a intervalos de duas a três semanas, verificando-se as alterações dos títulos das reações. Em gestantes, é frequente uma ligeira elevação do título sem haver a doença. Quando essa elevação for quatro vezes maior que a dosagem anterior, haverá indicação de toxoplasmose ativa. Anticorpos IgM, IgA ou IgG de baixa avidez também podem indicar infecção aguda.
5 – Toxoplasmose ocular
Através de uma parecentese, colhem-se 150 a 250 ml do humor aquoso e faz-se, por meio de imunodifusão, o teste sorológico para toxoplasmose (pesquisa de IgG). Faz-se a reação de imunofluorescência ou hemaglutinação para toxoplasmose com o soro sanguíneo do mesmo paciente. Compara-se o título e a concentração de imunoglobulina no humor e no soro sanguíneo, por meio de uma fórmula própria. Se a alteração ocular for causada por T. gondii há mais de 30 dias, a concentração relativa de anticorpos específicos deverá ser maior no humor ocular.
6 – Toxoplasmose em indivíduos imunodeficientes
Recomenda-se que sejam realizados testes sorológicos anti-IgG em pacientes de risco. É importante a verificação da soropositividade no paciente, mas não o aumento do título, pois em alguns pacientes os títulos de IgG podem ser muito baixos. Ao mesmo tempo, recomenda-se a utilização da tomografia computadorizada para a localização de lesões cerebrais.

6-Epidemiologias (Estudo da distribuição e fatores determinantes da frequência de uma doença) 

Os gatos domésticos jovens não-imunes (primoinfecção), como os selvagens (ocelotes, jaguar, jaguatirica etc) têm importância fundamental na toxoplasmose, pois são os únicos animais que podem realizar o ciclo sexuado da toxoplasmose. Elimina os protozoários através dos oocistos imaturos presentes nas fezes do animal.  Esta protozoário é encontrado em quase todos os países, distribuídos nos mais variados climas e condições sociais. Existem duas linhagens clonais do T. gondii, sendo uma pouco e a outra muita virulenta. Praticamente todos os mamíferos e aves são suscetíveis a doença. A transmissão nos seres humanos ocorrer através da ingestão de oocistos presentes na água, alimentos, solo, areia, ou todos os lugares contaminados com fezes de gato ou cujos oocistos foram disseminados por artrópodes, por ingestão do cisto presente em carnes de aves, suínos, ovinos, caprinos ou bovinos, quando servidas cruas ou mal-cozidas, transplacentária por taquizoítos durante a fase aguda.  

Obs1: É importante salientar que os oocistos conseguem sobreviver no meio externo por 12 a 18 meses em determinadas condições.
Obs2: Não se conhece nenhum artrópode transmissor, mas moscas e baratas podem, eventualmente, veicular alguns oocistos nas patas.

6-Profilaxia (Medidas preventivas)
  • Não se alimentar de carne crua ou malcozida
  • Controlar a população de gatos nas cidades
  •   Proteger caixas de areia para evitar que os gatos defequem no local.
  • Exame pré-natal para a toxoplasmose

7-Tratamento

          Ainda não existe um medicamento eficaz contra a toxoplasmose na fase crônica da infecção. As drogas atuam contra o taquizoíto, mais não contra os cistos. Contudo, alguns medicamentos são indicados para o tratamento contra a infecção.



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