Toxoplasma gondii ou T. gondii
O Toxoplasma gondii é um protozoário unicelular, eucarioto, intracelular obrigatório, causador da doença conhecida como toxoplasmose. Esta doença é mais
propensa a acontecer em crianças pré-natal e pessoas com imunodeficiência. É
amplamente distribuída em diversas regiões do Mundo. A toxoplasmose é uma
zoonose (doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais
vertebrados e humanos) sendo o felino – gato- principal vetor da doença. Foi
somente na década de 70 que seu estudo foi aprofundado.
Texto base: Parasitologia Humana, Neves,11 Ed. Adaptação: Rafael Salomão da Silva
Sumário
1 - Morfologia e hábitat
2 - Ciclo Biológico
3 - Transmissão
4 - Imunidade
5 - Patogenia
6 - Diagnóstico
7 - Epidemiologia
8 - Profilaxia
9 - Tratamento
1 - Morfologia e hábitat
Habitat: em vários tipos de células dos vertebrados (exceto hemácias), nos felinos (intestino delgado), meio ambiente(solo, água etc.) e líquido orgânico.
Habitat: em vários tipos de células dos vertebrados (exceto hemácias), nos felinos (intestino delgado), meio ambiente(solo, água etc.) e líquido orgânico.
Morfologia: múltipla, dependendo do habitat e estágio
evolutivo no qual se encontre.
Formas infectantes:
Taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos.
O Taquizoíto é a forma livre (móvel)
proliferativa encontrada durante a fase aguda da infecção. podem habitar vários tipos de células (pulmonar, nervoso, muscular, hepáticas), são pouco
resistentes e podem ser destruídas em contato com o suco gástrico. O bradizoito ou cistozoito é a forma
encontrada nos tecidos ( musculares esquelético, cardíaco, nervoso e retina),
geralmente durante a fase crônica da infecção ( Figura 1).
Figura 1 Cisto tecidual contendo bradizoíto
Nos vácuos parasitóforo, formam uma membrana resistente (cisto), multiplicam-se lentamente dentro deste vacúolo. O esporozoítos ou oocisto possui uma parede dupla bastante resistente às condições do meio ambiente. Produzidos nas células intestinais de felídeos não-imunes e eliminados imaturos junto com as fazes. A tabela 1 e figura 2 abaixo irá resumir as três tipos morfológicos da Toxoplasma gondii.
Figura 1 Cisto tecidual contendo bradizoíto
Nos vácuos parasitóforo, formam uma membrana resistente (cisto), multiplicam-se lentamente dentro deste vacúolo. O esporozoítos ou oocisto possui uma parede dupla bastante resistente às condições do meio ambiente. Produzidos nas células intestinais de felídeos não-imunes e eliminados imaturos junto com as fazes. A tabela 1 e figura 2 abaixo irá resumir as três tipos morfológicos da Toxoplasma gondii.
Tabela 1 Quadro resumo
Figura 2 Toxoplasma gondii
Essas formas apresentam estruturas
típicas do filo apicomplexa: C(Conóide);
AP (Anel Apical); M (Micronemas); R (Roptrias); GD (Grânulos Densos)
formando o complexo apical responsável pela entrada do parasita no hospedeiro.
Após a entrada na célula do hospedeiro, há formação do vacúolo parasitóforo.
Este vacúolo é o compartimento no qual o parasita sobrevive e se multiplica. Além destas estruturas, existe uma organela
em particular, conhecida como A
(Apicoplasto), sua função está ligada a biossíntese de aminoácidos e ácidos
graxos. (figura 2).
Figura
3. Representação esquemática ultra-estrutura do filo Apicomplexa na forma
infectante (taquizoitos) de Toxoplasma
gondii
2 - Ciclos Biológicos
2.1
Fase Assexuada: Esta fase tanto pode ocorrer no hospedeiro
definitivo como intermediário . Tem inicio quando há ingestão de oocistos maduro, bradizoítos ou
mais raramente taquizeiros. Quando uma destas formas é liberada no tudo
digestivo do hospedeiro, sofre intensa multiplicação intracelular, para em seguida formar o vacúolo
parasitóforo onde sofrerão divisões sucessivas por endodiogenia, formando novos
Taquizoítos ( fase proliferativa) que irão romper a célula parasita, liberando
novos taquizoítos livres na linfa ou sangue circulante que invadirão novas
células. Essa fase de proliferação é a aguda da doença.
2.1 Fase sexuada: Ocorre
somente nas células epiteliais, principalmente do intestino delgado de
gato e outros felídeos jovens não-imune.
Neste ciclo ocorre tanto a fase assexuada (merogonia) como sexuada (gamogonia)
do parasita, por este motivo, esses animais são considerados hospedeiros
definitivos. Quando o gato é infectado pelo oocisto, cisto ou taquizoítos, o
protozoário penetra na célula epitelial intestinal e lá sofrera processos de
multiplicação dando origem a vários merozoítos dentro do vacúolo parasitóforo (maronte
ou esquizonte maduro). Liberados dos vacúolos, esses parasitas iram infectar
novas células, dando origem a merozoítos masculinos ou femininos. O mareozoíto
formara o gametófito masculino, livre, flagelado que irá fecundar o gametófito
feminino, imóvel. Após a fecundação, uma célula ovo ou zigoto evoluirá dentro
do epitélio, formando uma parede externa dupla, dando origem ao oocisto. A
célula epitelial sofrerá rompimento em alguns dias, liberando o oocisto ainda
imaturo. Este forma alcançará o meio exterior com as fezes que irá forma esporos.
Figura 2. Ciclo assexuado e sexuado do T. gondii.
3 – Transmissão
O ser humano adquire a infecção via ingestão de oocistos presente em alimentos ou água contaminada, areia, insetos
cosmopolitas, do cistos encontrado em carne crua, mal cozida, porco, carneiro.
Congênita ou transplacentário.
3 – Imunidade
As
respostas imunes de um hospedeiro a toxoplasmose envolvem dois mecanismos:
humoral e celular. A imunidade Humoral é responsável pela produção de imunoglobulinas:
IgM, IgG e IgA. A IgM é a primeira a aparecer como resposta imune, logo, mantém
por pouco tempo na corrente sanguínea e linda do hospedeiro, a IgG é segunda
barreira imune, podendo aparecer após oito a 12 dias após a infecção do T. gondii. A infecção, via oral, em alguns hospedeiros
pode induzir formação de anticorpos IgA. Já
a imunidade celular acontece principalmente com a participação das células
T e produção de citosinas CD8+, CD4+ e as interleucinas com produção de
interferon.
OBSERVAÇÃO: O IgM é usado em
diagnósticos de toxoplasmose congênita
feito em recém nascidos.
4 – Patogenias (É o mecanismo com que
um agente infeccioso provoca lesões no hospedeiro)
A
patogenia na espécie humana depende de três fatores importantes: virulência da
cepa, resistência da pessoa e modo pelo qual ela é infectada. Contudo, a
transmissão congênita são as mais graves. Falarei brevemente sobre elas.
4.1 Toxoplasmose congênita ou
Pré-natal.
Mãe
esteja com toxoplasmose na fase aguda da doença e para que a transmissão possa
ocorrer alguns fatores devem ser observados, tais como: grau de exposição do
feto a toxoplasmose, virulência da cepa, capacidade dos anticorpos maternos
protegerem o feto e período de gestação.
- Primeiro trimestre da gestação: aborto
- Segundo trimestre da gestação: aborto ou nascimento prematuro
- Terceiro trimestre da gestação: A criança pode nascer normal e apresentar evidências da doença em alguns dias, semanas ou meses após o parto.
4.2 Toxoplasmose congênita ou
Pós-natal.
Dependera
de fatores como: virulência da cepa, estado imune da pessoa. A doença pode ser
assintomática ou sintomática, quando sintomática, sua expressão dependerá do
local do corpo afetado pela infestação.
- Ganglionar ou Febril Aguda: Forma mais comum tanto em crianças como adultos. O parasita compromitente a região ganglionar gerando febre alta.
- Ocular: Infecção aguda com a presença de taquizoitos ou cistos localizados na retina causando uma lesão conhecida como retinocoroidite.
- Cutânea ou Exantemática: Forma lesões generalizadas na pele. Raramente encontradas.
- Cerebroespinhal ou Meningoencenfálica: Encontrada em indivíduos com a imonudeficiência. Os parasitas atacam as células nervosas, provocando lesões, principalmente no hemisfério cerebral (área frontoparietal) ou no gânglio basal ou cerebelo. Nesta região podem causar: cefaléia, febre, paralisia leve, perda da capacidade de coordenação muscular, convulsões, a depender da gravidade, levar até a morte do paciente (cliente).
4 – Diagnóstico
Pode ser clinico ou laboratorial. O
clínico não é fácil de ser realizado, pois a doença pode desenvolver de forma
assintomática ou assemelhar-se a outras doenças. Os diagnósticos laboratoriais
estão resumidos a baixo:
- Taquizoíto: diagnóstico feito através de sangue, líquido amniótico. O mesmo é centrifugado e corado pelo método de Giemsa ou inoculação do material em cobaias (camundongos).
- Cistos: Diagnóstico feito através de biopsia de tecido (análise histopatológica)
2 – Testes sorológicos ou Imunológicos
Contudo, a demonstração do parasita
não é de fácil execução, assim, os diagnósticos da toxoplasmose são feitos mais
comumente através de testes sorológicos com base em testes imunológicos que
indicam o título ( porcentagem em massa ou volume quantitativo das soluções) da
amostra diluída no soro sanguíneo. Existem vários testes, os mais comuns
citados abaixo:
3 – Toxoplasmose Congênita
Existem
duas maneiras de identificar a toxoplasmose congênita
- No recém-nascido através de teste para identificar IgM no soro, já que, este é incapaz de atravessar a placenta materna.
- No Pré-Natal ou recém nascido, utiliza-se testes com capacidade de identificar anticorpos do tipo IgG, pois estes são capazes de atravessar passivamente a placenta de uma mãe com sorologia positiva. Os diagnósticos realizados no recém-nascido para a pesquisa do IgG ( RSF, RIF ou ELISA).
4 –
Toxoplasmose no adulto
Devem ser realizados testes sorológicos, a
intervalos de duas a três semanas, verificando-se as alterações dos títulos das
reações. Em gestantes, é frequente uma ligeira elevação do título sem haver a
doença. Quando essa elevação for quatro vezes maior que a dosagem anterior,
haverá indicação de toxoplasmose ativa. Anticorpos IgM, IgA ou IgG de baixa
avidez também podem indicar infecção aguda.
5 – Toxoplasmose ocular
Através
de uma parecentese, colhem-se 150 a 250 ml do humor aquoso e faz-se, por meio
de imunodifusão, o teste sorológico para toxoplasmose (pesquisa de IgG). Faz-se
a reação de imunofluorescência ou hemaglutinação para toxoplasmose com o soro
sanguíneo do mesmo paciente. Compara-se o título e a concentração de imunoglobulina
no humor e no soro sanguíneo, por meio de uma fórmula própria. Se a alteração
ocular for causada por T. gondii há mais de 30 dias, a concentração relativa de
anticorpos específicos deverá ser maior no humor ocular.
6 – Toxoplasmose em indivíduos
imunodeficientes
Recomenda-se que sejam realizados
testes sorológicos anti-IgG em pacientes de risco. É importante a verificação
da soropositividade no paciente, mas não o aumento do título, pois em alguns
pacientes os títulos de IgG podem ser muito baixos. Ao mesmo tempo,
recomenda-se a utilização da tomografia computadorizada para a localização de
lesões cerebrais.
6-Epidemiologias (Estudo da
distribuição e fatores determinantes da frequência de uma doença)
Os gatos domésticos
jovens não-imunes (primoinfecção), como os selvagens (ocelotes, jaguar,
jaguatirica etc) têm importância fundamental na toxoplasmose, pois são os únicos animais que podem realizar o
ciclo sexuado da toxoplasmose. Elimina os protozoários através dos oocistos
imaturos presentes nas fezes do animal.
Esta protozoário é encontrado em quase todos os países, distribuídos nos
mais variados climas e condições sociais. Existem duas linhagens clonais do T.
gondii, sendo uma pouco e a outra muita virulenta. Praticamente todos os
mamíferos e aves são suscetíveis a doença. A transmissão nos
seres humanos ocorrer através da ingestão de oocistos presentes na água,
alimentos, solo, areia, ou todos os lugares contaminados com fezes de gato ou
cujos oocistos foram disseminados por artrópodes, por ingestão do cisto
presente em carnes de aves, suínos, ovinos, caprinos ou bovinos, quando
servidas cruas ou mal-cozidas, transplacentária por taquizoítos durante a fase
aguda.
Obs1: É importante salientar que os
oocistos conseguem sobreviver no meio externo por 12 a 18 meses em determinadas
condições.
Obs2: Não se conhece nenhum artrópode
transmissor, mas moscas e baratas podem, eventualmente, veicular alguns
oocistos nas patas.
6-Profilaxia (Medidas preventivas)
- Não se alimentar de carne crua ou malcozida
- Controlar a população de gatos nas cidades
- Proteger caixas de areia para evitar que os gatos defequem no local.
- Exame pré-natal para a toxoplasmose
7-Tratamento
Ainda
não existe um medicamento eficaz contra a toxoplasmose na fase crônica da
infecção. As drogas atuam contra o taquizoíto, mais não contra os cistos. Contudo,
alguns medicamentos são indicados para o tratamento contra a infecção.
Cadê as referências bibliograficas?
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